Toda semana, falamos sobre um álbum que achamos que você precisa dedicar um tempo. O álbum desta semana é Shame, o quarto LP de Lily Allen.
Lily Allen chama a atenção e gosta disso. "As pessoas sempre dizem que eu faço coisas para chamar atenção. Eu sou uma pop star. Eu gosto de atenção,” ela disse recentemente. Nos últimos anos, entretanto, essa atenção variou entre defender fortemente a mudança política a uma aterrorizante situação de perseguição até uma crise de identidade publicamente divulgada. Isso também levou a fazer música com uma sensação de direção perdida quando Allen estava em um estado vulnerável, resultando em um lançamento complicado com seu álbum de 2014 Sheezus. Quatro anos depois, após uma série de controversas e catástrofes pessoais, Allen se redimiu com um testamento ardente e pessoal que demonstra que ela ainda é a rainha pop sardônica que conhecemos e amamos. Este novo ciclo de álbum a encontra iluminada e centrada, com momentos sombrios de introspecção através de uma narrativa visceral.
Aos 32 anos, ela sempre foi hábil em apontar o polêmico e fazer comentários sutis sobre as falhas da cultura pop, mas seu quarto álbum No Shame revela e, em última análise, celebra suas falhas pessoais mais profundas. Todos os três álbuns anteriores dela (Alright, Still, It’s Not Me, It’s You e Sheezus) lidaram com a crítica ao mundo exterior, usando suas observações afiadas para investidas críticas. Enquanto Sheezus apresentava um som e uma imagem como de um post no Instagram sobrecarregado e saturado, usando ganância e ostentação como automedicação, No Shame fala sobre expor essa automedicação e purgá-la.
O álbum de 14 faixas é brilhantemente controlado e arraigado em sussurros sutis com um elenco de realeza da produção pop, incluindo Mark Ronson, Fryars, Bloodpop e Ezra Koenig do Vampire Weekend. Com um elenco completo à disposição, Allen maximiza sua habilidade refinada de oferecer um golpe no peito com uma bala colorida de algodão doce e uma nuvem de fumaça em forma de coração. Ela nos leva em uma montanha-russa da realidade, permitindo que testemunhemos os baixos emocionais tumultuados e os altos românticos redentores. A produção do álbum é leve e flutuante — às vezes, apenas um leve dedilhado de guitarra para manter o ritmo — destacando a brutal honestidade das letras. Sua voz doce é enganadoramente açucarada: tudo soa alegre e eufônico entre riffs de piano brilhantes e ritmos voluptuosos de reggaeton, mas ao olhar de perto, ainda existe a feia realidade que a maioria da música pop foge. Ao final, No Shame une os demônios lutados do alcoolismo, do divórcio, das crises mentais e do sexismo com melodias ágeis e uma produção tão brilhante quanto a cor atual do cabelo de Allen.
Nem um minuto após a abertura do álbum "Come On Then", Allen já está se despedaçando em uma polpa vulnerável. Um batida de trap excitante carrega sua bagagem emocional, enquanto sua voz está encoberta em um Auto-Tune iridescente. "Sou uma má mãe / Sou uma má esposa / Você viu nas redes sociais / Você leu online," ela canta em meio a um vibrante beat de garagem britânica. Em um tom que diz, ‘Eu já ouvi tudo isso antes,’ ela depois desdenha dessas expectativas, rótulos impostos e perseguidores depreciais. Por mais que tentem, manchetes ferventes ou comentários no Instagram não vão conseguir dominá-la. É a introdução perfeita para um álbum que nos leva a ouvir mais profundamente sua verdade.
Em entrevistas, Allen falou extensivamente sobre sua busca por validação, que inclui validação de si mesma e dos outros. No Shame não é apenas Allen aceitando a si mesma e sua história pelo que é, mas também expondo a anestesia instantânea que a automedicação proporciona. Como mãe de dois filhos que lidou com PTSD de um parto natimorto e depois depressão pós-parto, ela ainda era vista como um produto e não como um ser humano. "Everything to Feel Something" mergulha em todas as formas de automedicação nas quais Allen se apoiou. "Não sei por que faço isso comigo mesma / Dando todo o meu valor a outra pessoa." Ela detalha pesadamente a atração universal pelo comportamento autodestrutivo. Ela parece estar encontrando estabilidade ao abraçar seu passado instável. Ela está construindo a infraestrutura para seu futuro ao aceitar o passado. Ela fez toda forma artificial de validação, este álbum sendo o primeiro passo para a auto-validação e aceitação.
As faixas mais contundentes e bem-sucedidas lidam com questões familiares paralisantes. "Family Man" é uma balada de piano com floridas antêmicas, sobre se convencer ingenuamente de que o amor dura para sempre. Ela provoca arrepios e coleta lágrimas, ostentando os esqueletos e a esperança cega do recente divórcio de Allen. O que se segue é a igualmente suave, porém dilacerante "Apples." Sua voz é próxima, sussurrando em nossos ouvidos sobre a desintegração de seu casamento enquanto dedilhados de guitarra rebatem atrás dela. "Nós estávamos ambos deprimidos / No final, nem estávamos fazendo sexo / Eu sentia que era boa apenas para escrever cheques." Mais tarde, ela acaba se relacionando mais com as últimas pessoas que pensou: seus pais. "Acho que a maçã não cai longe da árvore."
No Shame deve ser aplaudido por enfatizar a humanidade e o trauma que as pessoas têm que suportar, mesmo sob os holofotes. Ele enfatiza que, como humanos, estamos constantemente errando, e estamos constantemente mudando. Ele aprecia nossa maleabilidade; é sobre assumir responsabilidades; é sobre olhar para dentro, em vez de envergonhar do lado de fora. Quando as pessoas são apresentadas como produtos em uma indústria — o que de certa forma todos somos com as redes sociais — não só há pressão para vender, mas também pressão para se encaixar exatamente nas expectativas sociais. De jovem mulher a jovem mãe, o jogo de marketing confuso é algo que Allen teve que lidar, sendo rejeitada quando sua identidade em evolução e novos papéis não preenchem o arquétipo pop. As catástrofes pessoais de Allen são um contraste para o estado atual da humanidade, afirmando que as lições na intimidade são uma forma de auto-preservação, sendo que são os únicos problemas sob seu controle.
Margaret Farrell is a New York-based writer who has written for Stereogum, Pitchfork, and Flood Magazine. She treats hair color like a mood ring and is, sadly, of no relation to Colin.
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