Quando Você Era Jovem tem como objetivo recuperar a música das nossas juventudes mal lembradas dos CDs mixados arranhados debaixo dos bancos dos nossos carros. Cada edição vai abordar as músicas que o autor amava quando era adolescente antes de partir para uma música "mais legal", seja lá o que isso significar. Esta edição fala sobre o Sponge e seu álbum de 1996, Wax Ecstatic.
Logo de cara, eu preciso te conquistar. Porque não tem como escapar do fato de que o segundo álbum do Sponge, Wax Ecstatic, é desnecessário. É um poltergeist benevolente que se agarrou a mim, e aparentemente só a mim, por duas décadas.
Todos nós temos músicas que amamos pessoalmente, mas que foram consideradas insignificantes, e a suposição é que, ah, esta é a Internet, a memória coletiva da web vai proporcionar alguma vindicação, alguma compaixão. Algumas vezes, nesse tempo moderno, no entanto, você pode perceber que se agarrou a um forasteiro que de algum modo ficou para trás em um rastro de poeira digital. Perdido, exceto por alguns impulsos nervosos ocasionais em alguns cérebros humanos reais. São esses álbuns e músicas que são o último elo com aquele ato antigo de ouvir em completa solidão.
O que é uma boa transição para como o Sponge existia nos anos 90, operando fora das grandes batalhas de autenticidade daquela década. Eles nunca foram odiados como o Bush foi odiado, nunca legitimados como o Stone Temple Pilots foi. Eles nunca dominaram as paradas. Mas tinham todas as aparências daquele grupo de bandas. Em 1996, as glórias do grunge deram origem ao monstruoso "alt rock", e no meio de toda essa expansão, mais era esperado dos padrinhos. Se isso gerou uma sensação de pressão ou liberdade, levou a No Code do Pearl Jam, Tiny Music... do STP, Down On The Upside do Soundgarden, Razorblade Suitcase do Bush: todos lançados em 1996, e todos mais variados, experimentais e tangenciais ao grunge do que os álbuns que os precederam.
Wax Ecstatic segue essa mesma trajetória. O debute do Sponge, Rotting Piñata, alternava entre rock ramalama e jangle-pop, mas dois anos depois esses clones medíocres do STP dispararam com glam rock sujo e baladas sobre drag queens. E ao contrário daqueles outros esforços “evoluídos” do grunge de 96, este era indiscutivelmente melhor que seu antecessor.
Apesar de (por causa de?) isso, nunca ressoou em larga escala. Eu sei que o burburinho inicial era bom e sei que, no final, a gravadora não ficou satisfeita com o desempenho comercial do LP, mas não sei o que deu errado. Mesmo seu clipe de lançamento temático de roller derby durante o auge cultural do roller derby (o que não pode ser realmente explicado para as pessoas que não estavam lá) não conseguiu ajudar a infiltrar o zeitgeist. Você ainda ouve “Molly” e sua nostalgia embutida, você ouve “Plowed” em eventos esportivos... mas você nunca ouve ou fala sobre nada de Wax Ecstatic.
Até onde eu sei, ninguém que eu conheço sabe essa música — talvez meu pai, de ouvir saindo do meu quarto quando eu estava no ensino fundamental — então não posso ter uma experiência compartilhada sobre as memórias e o contexto disso com ninguém ao meu redor. Há algo triste sobre isso, sobre a evaporação cultural de uma arte semi-significativa que surgiu pouco antes da explosão da internet. Se você ama alguma coisa disso, talvez fique incrédulo sobre a falta de um rastro online. Talvez você procure pistas físicas de seu legado. Neste caso específico, convencidamente me disse, por um momento, que o vocalista do Preoccupations (antigo Viet Cong) tem um timbre de voz parecido com o de Vinnie Dombroski — como se os caras que nem estavam familiarizados com o VC tivessem de algum jeito sido influenciados pelo Sponge. Mas é isso que você faz, você procura provas de vida.
Quanto mais eu pensava sobre isso, no entanto, mais eu passava a saborear o relacionamento solitário de 20 anos que cultivei com esse álbum. É fácil amar um clássico consensual e entrar em debates sobre lançamentos importantes. Mas obcecar-se por um resquício que nunca fez parte do cânone, que nem mesmo atendeu os baixos padrões do buraco da memória da internet? Nesta era de transmissão de gosto e escuta programada, isso é um prazer estranho. Que ilustração vívida do apelo inexplicável da música.
É um lembrete contundente de que, parafraseando Aldous Huxley, somos todos universos isolados, condenados a desfrutar em solidão. Condenados, mas também abençoados. Porque a internet nos diz que não estamos sozinhos, mas a mensagem subentendida é: Não somos únicos. Agora mais do que nunca, quando descobertas secretas são mera matéria-prima para um caloroso #conteúdo e a nostalgia monocultural domina o mainstream, precisamos de ligações irracionais com os detritos que o tempo esqueceu. Essas coisas são prova de que você está vivo, e você é você.
Então aqui é a parte onde eu encerraria tudo com uma aplicacao inteligente de um título ou letra de uma música de Wax Ecstatic. É algo automático. Talvez eu já tenha escondido uma lá. Talvez, com sorte, eu seja a única que sabe ou se importa.
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