Existe uma seleção absurdamente vasta de filmes e documentários musicais disponíveis na Netflix, Hulu, HBO Go e por aí vai. Mas é difícil dizer quais valem realmente os seus 100 minutos. Watch the Tunes vai te ajudar a escolher qual documentário musical vale o seu tempo para Netflix e Chill todo fim de semana. A edição desta semana cobre Janis: Little Girl Blue, que está disponível na Netflix.
Como muitos de vocês, passei uma boa parte da semana passada colado ao documentário magistral em cinco partes da ESPN O.J.: Made in America e me peguei ainda chocado com o quanto da narrativa ao redor dele era novo e impactante para mim. Eu sou velho o suficiente para ter assistido a perseguição em câmera lenta do Bronco enquanto acontecia, e lembro claramente de uma aula de estudos sociais no ensino fundamental que parou para assistirmos ao veredito ao vivo. Achei que eu já conhecia bem cada detalhe do caso e suas consequências apenas pela osmose cultural, mas fiquei surpreso com o quanto na verdade eu não sabia e como todo aquele conhecimento acumulado e contexto soaram como um soco no estômago. Tive inesperadamente a mesma sensação quando os créditos rolaram no Janis: Little Girl Blue de Amy J. Berg, parte da série American Masters da PBS. Você acha que conhece Janis? Pense de novo... e isso pode partir um pedacinho do seu coração.
Minha lembrança pessoal de Janis era de que ela era um ícone feminista, no controle de sua sexualidade em uma época em que a indústria da música era tão dominada por homens que até mesmo os supostos hippies do amor livre em Haight eram teimosamente patriarcais. Quando um repórter perguntou por que ela não tinha mulheres em sua banda, ela respondeu “Eu não quero nenhuma garota na estrada comigo... Já tenho concorrência suficiente.” Ela se representava como uma mulher ousada e corajosa que poderia beber mais que você, mas, na verdade, ela era muito mais insegura do que frases como essa fariam você acreditar. Ela foi intimidada por sua acne e aparência masculina durante toda a infância até a maior humilhação: uma fraternidade votou nela como o "Homem Mais Feio do Campus" durante o curto período em que estudou arte na Universidade do Texas em Austin. Coisas assim ficam com você, e um amigo de infância descreve a reação dela como devastada. Não demorou muito para que ela arrumasse o autoharp e fosse para São Francisco, onde encontrou seu lugar como membro do grupo Grateful Dead.
Toda a trajetória da carreira tragicamente curta de Joplin está contida em Little Girl Blue, incluindo a criação e eventual dissolução de Big Brother & The Holding Co., sua carreira solo e seus momentos transcendentais no Monterey Pop Festival e em Woodstock, mas a verdadeira razão para adicionar este filme à sua lista de assistidos é ter uma noção de quão tristemente sua vida fora do palco foi e como essas raízes vão profundamente ao seu passado. Fama e fortuna não te protegem das pessoas que te chamaram de nomes quando você era criança, e o filme atinge um ponto emocional quando Janis volta para casa para sua reunião de dez anos do ensino médio. Vestida com lenços e contas coloridas, como se dissesse "Ha! Fodam-se todos, eu sou famosa!", ela perde o fôlego quando um repórter pergunta sobre ter ido ao baile, ao que ela responde: "Ah, eu não fui ao baile de formatura do colégio." Sua pergunta seguinte incrivelmente estranha "Você foi convidada, não foi?" (vamos lá, cara) provoca um acanhado "Não, não fui." Não é uma jogada de jornalismo sensacionalista da parte dele, mas dá para ver naquele momento onde Janis percebe que está longe de se livrar de suas bagagens de Port Arthur, Texas.
Janis Joplin morreu de overdose de heroína aos vinte e sete anos, sozinha em um quarto de hotel. Quando seu amigo Dick Cavett, algum tempo antes de sua morte, perguntou se ela ainda usava heroína, ela respondeu “Quem se importaria?” Desnecessário dizer que Little Girl Blue é um filme mais pesado do que eu esperava, mas ele merece toda a dor de coração que causa e nunca cruza para o melodramático. Se você tem alguma curiosidade sobre a mulher por trás de clássicos do rádio como “Piece of My Heart”, “Me And Bobby McGee” ou “Mercedes Benz”, não consigo pensar em uma introdução melhor ao que a fazia funcionar, por mais infeliz que ela realmente tenha sido.
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