Há uma seleção absurdamente vasta de filmes e documentários musicais disponíveis na Netflix, Hulu, HBO Go, e por aí vai. Mas é difícil saber quais realmente valem os seus 100 minutos. O Watch the Tunes vai te ajudar a escolher qual documentário musical merece seu tempo de Netflix e Chill todo fim de semana. A edição desta semana aborda The Art of Organized Noize, que está disponível na Netflix.
A internet perdeu total controle algumas semanas atrás quando Gucci Mane postou um snap dizendo “Acabei de gravar uma música para o OutKast.” Os representantes de Andre 3000 negaram tudo com um comunicado breve afirmando que não há “notícias do OutKast para relatar” (emoji de cara triste), mas eu não sei não. A sequência de shows de reunião de festivais que começou há dois anos está firme e forte até o ONE Musicfest no início deste mês na sua terra natal, Atlanta, onde toda a Dungeon Family se reuniu de novo. Só parece que o momento é certo para algo novo sair desses caras e o filme desta semana The Art of Organized Noize, dirigido por Quincy Jones III, inclui algumas pistas que apontam para algo... talvez... no futuro (mais ou menos?) próximo.
Para chegar ao futuro, é bom dar um passo para trás e rever o passado, e The Art of Organized Noize volta ao comecinho da Dungeon Family e coloca sabiamente o foco em Sleepy Brown, Rico Wade e Ray Murray, o trio de produtores que esteve por trás não só do OutKast e do Goodie Mob, mas também de dezenas de hits encomendados como “Waterfalls” do TLC e “Don’t Let Go (Love)” do En Vogue. Ao contar sua história, os cineastas adotaram uma abordagem única sobre os agora célebres grupos que começaram em um porão no sudoeste de Atlanta.
Por sua natureza, os produtores geralmente são ouvidos e não vistos. Quando penso em como é a vida deles, imagino longas horas curvados sobre laptops e batidas, saindo para respirar apenas quando a maconha acaba. Com o Organized Noize, você consegue tudo isso (de verdade, The Art of... vai literalmente vaporizar sua fila da Netflix) além da tensão dramática de uma bem elaborada narrativa de ascensão / queda / nova ascensão que une tudo isso. “Players Ball” e Southernplayalisticadillacmuzik colocaram todos envolvidos com o OutKast na rota rápida para a fama, levando eventualmente o Organized Noize a fechar um contrato multimilionário com a Interscope, mas após alguns erros criativos, o trio de produtores foi dispensado pela gravadora. Não muito tempo depois, o telefone parou de tocar e, o que poderia ser visto como um ato cortante, Big Boi e Andre 3000 decidiram deixá-los de fora de Speakerboxxx/The Love Below completamente. Desde então, eles se reergueram, voltando a se reunir com o OutKast para algumas faixas em Idlewild em 2006 e posteriormente colaborando com batidas em cada álbum solo do Big Boi, mas ao ouvir Rico Wade falar sobre aquele álbum duplo, dá para sentir que ainda existem algumas feridas profissionais que o tempo ainda não curou.
Na grande imagem da Dungeon Family, você poderia dizer que o Organized Noize funcionou de forma abrangente como pais. Foi através de suas primeiras conexões na La Face Records que o Goodie Mob e o OutKast conseguiram contratos, com o chefe da gravadora, L.A. Reid, aparentemente exigindo várias exposições a Big Boi e Andre antes de finalmente reconhecer sua grandeza, que, quero dizer, o quê?! O mais embaraçoso seria ter sido o cara que rejeitou o OutKast, mas não muito longe disso é todo mundo saber que você (uma pessoa cuja principal função exige a capacidade de perceber a grandeza) esteve incrivelmente perto de não fechar com eles.
O filme está repleto de ótimos momentos: Cee-Lo relembrando como pediu demissão no minuto em que ouviu “Player’s Ball,” Rico Wade revisitando o verdadeiro porão “dungeon” (ainda dá para ver “OutKast” escrito nas vigas acima), Diddy recebendo shots no meio da entrevista... No fim das contas, para toda a conversa sobre o mercado musical, The Art of... faz um excelente trabalho ao apresentar a estranha e incrível vibe familiar que colocou Atlanta no mapa do hip-hop (desculpa, Kris Kross) e moldou tanto da cultura musical e da indústria que vieram depois.
Não posso acreditar que perdi esse doc até agora, mais de meio ano depois que estreou na Netflix, mas de certa forma, o timing não poderia ter sido melhor. Mesmo que os rumores estejam errados e o OutKast não lance um álbum tão cedo (nãoooo!), estou muito melhor agora, tendo uma apreciação mais completa dos caras que estiveram por trás não só deles e de tantos outros, mas também do ambiente acolhedor e amoroso que surgiu na interseção de Headland e Delowe. O filme termina com todos os participantes aparentemente muito animados com a possibilidade de trabalhar juntos novamente, então cruze os dedos e talvez não demore muito até que possamos gastar algo como R$ 16,99 nesse novo projeto com o Organized Noize na liderança.
Chris Lay é um escritor freelance, arquivista e balconista de uma loja de discos que vive em Madison, WI. O primeiro CD que ele comprou para si mesmo foi a trilha sonora de 'Dumb & Dumber' quando tinha doze anos e, a partir daí, as coisas só melhoraram.
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